O estresse também muda nossa personalidade. Você, que antes era tão otimista, confiante, que respondia a todos com um sorriso e não parou de colocar ilusões no seu horizonte, agora você se percebe de uma forma muito diferente.
Tudo te incomoda, você não tem paciência, você está sempre de mau humor, você se tornou mais cínico e não há dia em que você possa se livrar dessa apatia…
Esse sentimento soa familiar? É uma realidade de muitos, é um estado que, sem dúvida, afeta completamente a nossa qualidade de vida.
Agora, o mais impressionante de tudo é que, nesses casos, a pessoa está plenamente consciente de sua própria mudança. Sua maneira de reagir ao ambiente cria uma alta dissonância. “Eu não me reconheço. Por que eu ajo assim?” Frequentemente perguntam.
Como apontou o psicoterapeuta Carl Rogers, o simples fato de estar ciente desse desconforto e saber que não somos bons com o que fazemos e com o que nos acontece, já é um bom passo em si mesmo.
É quando temos a oportunidade de abordar o problema de maneira clara e corajosa. A única coisa que precisamos é usar os recursos adequados.
O estresse também muda nossa personalidade, como isso acontece?
O estresse também muda nossa personalidade e o faz de várias maneiras. Alguém que costumava se definir não faz muito por motivação, dedicação e gentileza, ele pode transformar depois de meses em alguém irritável.
Algo assim pode ser visto não apenas em nós mesmos, mas também nesse colega de trabalho, naquele amigo ou parceiro que não mais parece gostar de nossa companhia.
Eles se tornam relutantes, respondem mal, ficam frustrados facilmente e sempre vêem problemas onde antes só havia soluções.
Por que isso acontece? O que acontece dentro de nós, na mente ou no cérebro, para que possamos mudar dessa maneira?
O estresse nos deixa pessimistas
Não muito tempo atrás especialistas pensaram que a personalidade, torna-se um fator estável em uma dimensão não facilmente de mudar ao longo do tempo. No entanto, estudos como o realizado na Universidade da Califórnia pelo Dr. Grant Shields, nos mostram algo muito marcante.
- Nossa personalidade flutua e sofre mudanças. Isso acontece especialmente em face de eventos adversos ou experiências que aprendemos e que nos fazem ver o mundo de outra maneira. Algo assim é algo positivo porque nos permite crescer e progredir como seres humanos.
- Agora, por outro lado, há também aquelas experiências menos encorajadoras em que o estresse crônico e o longo período de tempo mantido, geram várias mudanças mais do que evidentes em nós.
O estresse crônico muda nossa personalidade porque nos torna pessimistas. O estado de desamparo e esgotamento psicológico é tão profundo que destila emoções tão adversas quanto o pessimismo, a negatividade e a angústia que inunda tudo.
O estresse muda nossos circuitos neurais
O estresse ativa uma rede cerebral composta pelo hipotálamo, pela glândula pituitária e pelo córtex adrenal.
Tudo isso provoca a liberação de vários compostos muito semelhantes à cortisona, como os glicocorticoides. O mais conhecido e aquele que tem o maior impacto no cérebro e no nosso corpo é o cortisol.
Desta forma, se o estresse também muda nossa personalidade, é basicamente devido ao efeito desse hormônio.
Estamos mais exaustos, não podemos focar a atenção, temos falhas de memória e também experimentamos o que é conhecido como “hipersensibilidade ao meio ambiente”.
Qualquer estímulo é vivido intensamente. É por isso que falta paciência, que aumentamos as pequenas coisas e que qualquer circunstância nos ultrapassa.
O que podemos fazer para reduzir o impacto do estresse?
Estresse e ansiedade fazem parte de nossas vidas. O propósito não é, portanto, fazê-los desaparecer, mas colocar em um ponto intermediário onde possam ser manipulados, onde tenham controle total sobre essas realidades psicológicas.
Assim, e caso o nosso estresse seja crônico, é altamente recomendável ir a profissionais especializados.
Vejamos, no entanto, algumas chaves básicas e simples nas quais deveríamos pensar em gerar mudanças.
- Definir prioridades. Tanto quanto possível, é aconselhável simplificar e organizar o nosso dia a dia.
- Práticas como o pensamento positivo são muito eficazes na redução do estresse.
- Há uma regra muito elementar que devemos usar no dia-a-dia: começar uma coisa de cada vez e terminá-la. É proibido pensar e fazer atividades diferentes ao mesmo tempo.
- Defina objetivos positivos ao longo dos nossos dias: inscreva-se num curso, faça um passeio…
- Cuide do diálogo interno. Essa conversa com nós mesmos deve ser sempre a nosso favor, deve ser gentil e hábil, por sua vez, para detectar pensamentos negativos e incapacitantes.
- É altamente recomendável poder contar com pessoas importantes.
- Para concluir, dado que o estresse também muda nossa personalidade, vamos manter esse fato em mente para aplicar estratégias apropriadas.
Não permitimos que essas condições nos transformem em alguém que não somos, em uma pessoa em quem não nos reconhecemos.